Angola vai privilegiar empresas cotadas em concessões de exploração de minerais

27 February 2006

Lisboa, Portugal, 27 Fev – Angola vai beneficiar em futuras concessões de exploração de recursos minerais no país as empresas cotadas no mercado de capitais, que será constituído oficialmente a 16 de Março, revelou o presidente da Bolsa de Valores (BVA), Cruz Lima.

Em entrevista ao Jornal de Negócios, Cruz Lima adiantou que a preferência é uma forma de as empresas seleccionadas “mobilizarem capital”, mas também “de angolanizar a economia, com a participação de investidores”.

“Temos indicações para que futuras concessões minerais sejam feitas através de entidades cotadas”, afirmou o presidente da bolsa, que vai arrancar com um capital social de 15 milhões de dólares, o dobro do inicialmente previsto.

“A bolsa é importante, porque vai trazer mais transparência e padrões de divulgação internacional, além de critérios mais eficientes nas privatizações e abertura de capital das empresas do Estado”, adiantou.

Para Cruz Lima, “a bolsa vai ser um instrumento decisivo na política económica do Governo. Não é possível Angola continuar por um caminho de desprezo do mercado de capitais e do destino do capital internacional, sem o qual é impossível modernizar a economia”.

A bolsa, estimou, deverá alcançar um volume de negociação anual de perto de 12 mil milhões de dólares, metade do produto interno bruto angolano.

Mas, adianta, “esta é uma previsão muito humilde, porque as bolsas dos países em desenvolvimento têm, em média, um volume de negociação semelhante ao seu PIB”.

Na referida entrevista, Cruz Lima apela às empresas portuguesas para que apostem no mercado de capitais angolanos, dando como exemplo a construtora Teixeira Duarte, que, “se quiser emitir acções em Angola, e pela credibilidade que tem, muitos investidores vão querer ter papéis seus”.

“Angola tem de ser um dos endereços do capital internacional em África, e espero que Portugal não se deixe ultrapassar pelo Brasil, China e Índia, que estão a apostar forte. Acredito que, com as suas vantagens comparativas, e benefícios de first mover, Portugal pode ter perfeitamente o seu espaço”, adianta Cruz Lima.

De acordo com o presidente da BVA, o Millennium Bcp, maior banco privado português, vai ter uma participação de cinco por cento no capital da bolsa.

Segundo foi recentemente noticiado em Lisboa, também o banco BPI, que controla o angolano Fomento, está a negociar a sua entrada no capital da BVA. (macauhub)

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