Maputo, Moçambique, 10 Mar – Uma nova empresa marítima, com capitais moçambicanos e sul-africanos, foi lançada no início do mês em Moçambique para actuar em mercados da região, como na distribuição de produtos chineses nos países vizinhos.
A nova companhia, Krew Moz Star Shipping, resultou de uma parceria da empresa de investimento sul-africana Krew Marine com a Moz Star, uma companhia moçambicana de serviços marítimos, e tem como objectivo o aproveitamento da costa de Moçambique como porto de entrada nos países vizinhos.
Através dos seus três principais corredores, Maputo, Beira e Nacala, Moçambique garante acesso ao mar a regiões interiores da África do Sul, ao Zimbabué e ao Malawi, bem como a outros países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), como a Zâmbia e a República Democrática do Congo.
Segundo Tony Ruiters, responsável da Krew Marine, Moçambique já se assume como um corredor importante na passagem de produtos chineses para a Zâmbia, Malawi, Botswana, Zimbabwe, Suazilândia e África do Sul.
“A China é uma potência que no futuro vai bater tudo e nós queremos trabalhar com os exportadores chineses”, disse ao Macauhub o presidente da Krew Moz Star Shipping, o dinamarquês Kjeld Klitgaard Olsen, radicado em Moçambique desde 1983.
A nova empresa vai beneficiar da experiência da Moz Star que no seu currículo ostenta o apoio logístico à construção da nova sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique e do Centro de Conferências Joaquim Chissano, edifícios oferecidos pela China ao governo de Maputo.
Numa primeira fase, a Krew Moz Star Shipping vai prestar serviços a navios que escalem os portos de Moçambique e assume-se como companhia de distribuição “porta a porta”.
“Há uma fraca prestação de serviços, porque só temos uma companhia de navegação a fazer a costa. Todos os dias saem de Maputo camiões para Pemba, que fica a cerca de três mil quilómetros, movimentando-se por estradas péssimas”, lamentou-se Olsen, afirmando que a nova empresa pode mudar a situação.
“Os refrigerantes, a cerveja, os livros escolares devem ser enviados por via marítima ao longo da costa, até mesmo para a Beira”, afirmou, referindo-se à segunda cidade do país, a 1200 quilómetros a norte de Maputo.
A empresa está presente nos principais portos de Moçambique – Maputo, Beira, Quelimane, Nacala, Pemba e Mocímboa da Praia – e já alterou a situação na exportação de camarão proveniente de aquacultura na província da Zambézia, centro, com a utilização de contentores frigoríficos.
Até agora, o camarão ficava armazenado em Quelimane, capital da Zambézia, aguardando que a sua quantidade justificasse a chegada de um barco frigorífico, num processo que poderia demorar até três meses.
No novo cenário, um camião coloca, numa viagem de 10 horas, o contentor frigorífico na Beira e, até seis semanas, depois o camarão “chega ao vendedor no Extremo Oriente” garante Olsen.
Com a construção da ponte sobre o rio Zambeze, prevista para 2009, a ligação do porto de Quelimane aos portos de águas profundas da Beira e de Nacala vai ser mais fácil e rápida, permitindo um melhor escoamento de produtos.
Mas a navegação em Moçambique ainda terá que ultrapassar as pesadas taxas portuárias para se tornar competitiva com os portos sul-africanos, os seus principais concorrentes.
“Hoje é mais barato enviar um contentor de Durban (África do Sul) para a China do que de Maputo para Quelimane”, exemplificou Olsen, que estimou em 750,00 dólares o custo mensal de armazenagem de um contentor de 25 pés num porto moçambicano
“É preciso reduzir esses custos para retirar a mercadoria das estradas e pô-la na via marítima”, defendeu. (macauhub)