Lisboa, Portugal, 13 Jun – Os produtos portugueses sofrem de um défice de imagem e falta de promoção na China, o que dificulta a sua entrada, consideram responsáveis de três consultoras especializadas naquele mercado.
Wu Bin, consultor da Market Access, afirmou à revista Dia D, em Lisboa, que o trabalho de colocação de produtos portugueses é “muito desafiador, porque Portugal tem uma imagem próxima do zero e, por outro lado, na China há muitas marcas boas”.
Para Pedro Vieira, da mesma consultora, além da promoção, falta às empresas portuguesas o trabalho de acompanhamento e fidelização dos clientes chineses.
A China, afirma, “não quer que os portugueses apenas enviem os produtos”, mas sim “receber apoio nas vendas e promoção. A China está numa fase em que têm custos de trabalho baixos, sabem produzir, mas têm problemas nos extremos da cadeia de valor, ou seja, no design e na promoção dos produtos”.
No ano passado, as exportações portuguesas para a China cresceram 39 por cento, para o valor recorde de 170,7 milhões de euros, mas estudos recentes concluem que é reduzido o número de empresas portuguesas instaladas no maior mercado do mundo.
Um exemplo de sucesso, para Wu Bin, é a Habidecor-Abyss, empresa que “não se limita a esperar pelas encomendas e sabe como ganhar o coração do consumidor chinês”, um “esforço constante de promoção e tempo”.
“O dono é português, mas a sua mente é completamente diferente da maioria das empresas que conheço”, afirma o consultor da Market Access.
Fernando Costa Freire, da Edeluc, afirma que a maioria das empresas portuguesas continua a olhar para o mercado chinês numa perspectiva de curto prazo e passiva, o que tem levado a consultora a rejeitar trabalhar com alguns clientes.
“O que exigimos dos clientes é o compromisso de que a China não é um objectivo passageiro”, o que leva a não considerar projectos que, “por não representarem valor acrescentado e não serem sustentáveis, não interessam”.
“Nós não sabemos fazer negócios da China, apenas fazemos negócios na China”, afirma Costa Freire.
Renato Roldão, sócio executivo da China Link, concorda, e conta o caso de “uma empresa que queria colocar milhares de sacos de plástico no mercado chinês”, mas que não estava disponível para ir visitar o mercado ou investir em promoção. (macauhub)