Genebra, Suiça, 01 Set – A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (CNUCED) sugeriu, quinta-feira, aos países pobres que se inspirem no modelo de proteccionismo seguido pela China, desde o fim do sistema colectivista, nos anos 80.
No seu relatório anual, a organização estima que as reformas defendidas pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) não permitiram estimular suficientemente o crescimento nem diminuir a pobreza nos países do Sul.
Por isso, aquele órgão da ONU sugere aos países pobres que se inspirem no proteccionismo chinês das duas últimas décadas, consubstanciado na política de subvenções à indústria nacional, de protecção de fronteiras e sub-avaliação da taxa de câmbio para apoiar as suas exportações.
A atitude chinesa, que se traduz num crescimento médio de 9,6 por cento há 15 anos, revelou-se «saudável, mas diferente» do defendido pelas instituições de Washington, comentou Heiner Flassbeck, um perito da CNUCED.
De acordo com o relatório, «os governos deveriam proteger, se houver razões para isso, as empresas nascentes, recorrendo nomeadamente e com circunspecção às subvenções e aos direitos alfandegários, até que os produtores locais possam enfrentar a concorrência internacional, vendendo produtos cada vez mais elaborados».
Mas a CNUCED não defende um regresso ao proteccionismo com o seu director-geral, Supachai Panitchpakdi, que ainda há um ano estava à frente da OMC, a dizer que esse apoio não deve durar indefinidamente.
“Não é uma isenção (às regras do comércio internacional), é uma diligência estratégica», adiantou Panitchpakdi à imprensa.
A tomada de posição da CNUCED surge num momento em que, as negociações de cinco anos sobre uma nova ordem comercial mundial estão bloqueadas na Organização Mundial do Comércio (OMC), desde o fim de Julho.
Além de um diferendo geral sobre a agricultura, alguns grandes países emergentes, como a Índia ou a Argentina, recusam abrir os seus mercados aos produtos industriais importados, precisamente em nome da protecção de indústrias nascentes. (macauhub)