Parceria Sinopec-Sonangol é o modelo a seguir para o investimento chinês em África, afirma consultor

26 February 2007

Pequim, China, 26 Fev – A parceria entre a petrolífera estatal chinesa Sinopec e a sua congénere angolana Sonangol é o modelo que as empresas chinesas devem seguir para investir em África, considera Pieter Snyman, da “Beijing Áxis”, uma consultora da África do Sul que apoia os negócios entre empresas sul-africanas e chinesas.

“Uma das formas das empresas entrarem em África é através da criação de parcerias de cooperação, com empresas ocidentais ou não, que já conheçam o mercado africano.

Um bom exemplo é a parceria estabelecida entre a Sinopec e a Sonangol”, diz Snyman, gestor de negócios africanos da Beijing Axis, num artigo publicado no jornal económico oficial chinês “Economic Observer”.

No artigo, um “Guia para o Investimento em África das Empresas Chinesas”, Snyman destaca a parceria Sonangol-Sinopec como um caso de estudo que permite à empresa chinesa, através da cooperação com o parceiro angolano, conhecer as condições locais e partilhar a rede de relações do parceiro.

“As companhias envolvidas na extracção mineral devem considerar a compra de activos de exploração para assegurar a propriedade das fontes de recursos e produtos minerais, e um exemplo deste método é o grande investimento da Sinopec em explorações petrolíferas angolanas”, considera Snyman.

Em Junho de 2006, numa oferta superior a dois mil milhões de dólares, a Sinopec, maior petrolífera da Ásia em capacidade de refinação, comprou participações em três blocos de exploração petrolífera “off-shore” angolanos, com um total de reservas provadas de 3.200 milhões de barris, para explorar em conjunto com a Sonangol, numa “joint-venture” na qual a petrolífera chinesa detém 75 por cento.

Pieter Snyman aconselha também as empresas chinesas que queiram investir em África a conhecer bem o ambiente comercial estratégico e prepararem-se para lidar com situações novas e mudanças bruscas.

“Prepare uma estratégia flexível”, aconselha Snyman, que considera que “em África, as mudanças ocorrem constantemente, quer ao nível da legislação, da concorrência ou das oportunidades de mercado”.

“É imprescindível saber lidar com a contradição. Entre países socialistas e capitalistas, entre culturas, línguas e hábitos de negócios, que serão inconvenientes quando a empresa chinesa quiser entrar no mercado africano”, adianta o consultor.

Para reduzir o risco, Snyman aconselha as parcerias, quer com empresas africanas quer com empresas europeias ou norte-americanas que já estejam há mais tempo em África e tenham já tido tempo para absorver informações sobre o mercado.

O autor do guia para o investimento africano das empresas chinesas considera no entanto que o continente está ainda em fase de definir os seus modelos futuros de desenvolvimento, um momento que as empresas chinesas devem aproveitar para se tornarem “amigos em quem África pode confiar”.

O importante, para Snyman, é afastar as críticas que vêm crescendo em África, de que as empresas chinesas não cooperam com empresas locais e não contribuem o suficiente para o desenvolvimento das empresas e da economia africana.

O governo chinês, no entanto, pareçe já ter-se dado conta das críticas e anunciou em Novembro de 2006 a criação de um fundo de investimento de cinco mil milhões de dólares, para apoiar as empresas chinesas que queiram investir ou implementar projectos de cooperação com empresas em África.

Até ao final de 2005, mais de 800 empresas chinesas operavam no continente africano, tendo investido até essa data cerca de seis mil milhões de dólares, de acordo com dados do Ministério do Comércio chinês.

“A chave para o sucesso do investimento em África é a recolha de informação sobre o mercado, incluindo o plano de negócio, a definição da estratégia e a forma como lidar com os gestores africanos”, diz Pieter Snyman.

“O melhor é aproximar-se do mercado de forma gradual e só se expor a riscos financeiros grandes à medida que se vai aprendendo com a experiência”, conclui o consultor. (macauhub)

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