Luanda, Angola, 23 Mai – O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) justificou a valorização recente do kwanza pelo excesso de dólares em circulação, por causa do preço do petróleo e pelo investimento na reconstrução nacional.

“Esta valorização do kwanza deriva da situação estrutural da nossa economia, associada aos factos conjunturais. Somos uma economia extremamente dependente das receitas de exportação de petróleo e de impostos”, disse Amadeu Maurício.

“No presente momento estamos numa conjuntura que determina que o país realize muita despesa, falamos de reconstrução numa fase de pós-guerra em que já se definiram as grandes linhas orientadoras da reconstrução do país e do seu desenvolvimento”, acrescentou o governador do banco central.

Com “a meta de inflação para este ano” estabelecida “nos dez por cento”, o governo tem de actuar no mercado por causa dos problemas estruturais da economia angolana, em que os preços não variam tanto como as autoridades desejariam e, “em função dessa rigidez”, acabam por ser “muito influenciados pela cotação da moeda externa”.

Em relação às críticas de que a valorização do kwanza possa afectar a ainda incipiente indústria angolana, Amadeu Maurício tem uma posição contrária, pois considera que a moeda forte dará um empurrãozinho aos empresários.

“Neste momento, acredito que beneficiará a indústria nacional e a tornará mais competitiva”, adiantou o governador.

De acordo com Amadeu Maurício, o país importa actualmente quase tudo, essencialmente bens de consumo e matérias-primas para a indústria e, neste momento, as suas empresas estão ainda no princípio.

Com a valorização da divisa angolana, esses bens importados acabam por ficar mais baratos, tornando “o projecto mais competitivo e rentável”, disse o governador, para acrescentar não ter receio em afirmar que nas circunstâncias actuais este efeito acaba por ser benéfico para as empresas angolanas. (macauhub)