Angolana Sonangol em vias de ser um dos três maiores accionistas do português Millennium Bcp

11 June 2007

Lisboa, Portugal, 11 Jun – A petrolífera estatal angolana Sonangol está a caminho de tornar-se num dos três principais accionistas do Millennium Bcp, maior grupo financeiro privado português, que tem uma ambiciosa estratégia de crescimento para Angola.

Indo ao encontro do sentido de informação veiculada ao longo da última semana pela imprensa portuguesa, o semanário Sol noticiou no Sábado que, depois de concretizada a aquisição de dois por cento do capital do Millennium Bcp, num investimento que rondou 250 milhões de euros, o objectivo da Sonangol é agora atingir uma participação de cinco por cento.

Essa aquisição tornaria a Sonangol no terceiro maior accionista de referência do grupo financeiro, apenas atrás da seguradora Eureko e do BPI, um dos principais rivais internos do Millennium Bcp e dono do Banco Fomento, líder da banca privada angolana.

Esta participação superaria a de “históricos” do Millennium Bcp, como os grupos Teixeira Duarte e José de Mello e de importantes investidores do sector financeiro, como os norte-americanos da JP Morgan ou os belgas do Fortis.

De acordo com o Sol, a aquisição deverá concretizar-se nos próximos meses, e, de acordo com fontes do sector financeiro, vai fazer com que se transfira para o mercado bancário angolano a “guerra” entre BCP e BPI, que sofreu uma escalada no último ano, com a tentativa de aquisição do segundo pelo primeiro, recentemente gorada.

Isto porque a Sonangol, considerada a mais poderosa empresa angolana, deverá aliar-se ao Millennium Bcp no projecto de expansão em Angola, adquirindo uma participação de cerca de um terço do capital da filial bancária angolana, escreve o semanário português.

A estratégia de expansão em Angola esteve em “stand-by” durante a oferta pública de aquisição lançada sobre o BPI, que tem no Fomento aquele que é já o principal banco privado angolano, mas com o fim da operação considera-se que o caminho ficou livre para a sua implementação.

O Millennium Angola foi oficialmente inaugurado em Abril de 2006, aquando da visita oficial a Luanda do primeiro-ministro português, José Sócrates.

Para o grupo português, com importante actividade na Polónia e Grécia, a expansão em Angola é um dos projectos estratégicos no exterior nos próximos três anos, prevendo-se que em 2010 a rede no país atinja as 40 agências.

A Sonangol é, juntamente com o empresário Américo Amorim, um dos principais accionistas da petrolífera portuguesa Galp, e torna-se agora num importante apoio para o presidente-executivo (CEO) do Millennium Bcp, Paulo Teixeira Pinto, numa altura de acesa disputa interna.

Luísa Bessa, directora-adjunta do Jornal de Negócios, afirmava esta semana que a Sonangol é “o primeiro `cavaleiro branco´ a que o presidente do BCP deita mão”, para solidificar a sua posição nas disputas internas, que atingiram o ponto mais alto na última assembleia-geral, a 28 de Maio.

A mesma analista observava que, com a Sonangol, poderá vir aquele que é tido como o maior parceiro desta em Portugal, o empresário Américo Amorim, principal fundador do BCP, que saiu do banco em 1993 em guerra aberta com Jardim Gonçalves, o ex-presidente que tem surgido na barricada oposta à de Teixeira Pinto.

“A entrada da Sonangol pode representar apenas a concretização da parceria estratégica entre as duas empresas. Ou pode ser o início de uma tomada de posição por parte de Américo Amorim. Que, apesar do investimento na Galp, tem condições para avançar sozinho”, escrevia Luísa Bessa.

No ano passado, a Sonangol lucrou 80 mil milhões de kwanzas (perto de mil milhões de dólares).

Recentemente, anunciou que a partir de 2010 as suas acções vão passar a estar cotadas nas bolsas de valores de Joanesburgo e Nova Iorque. (macauhub)

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