São Paulo, Brasil, 19 Fev – Os fabricantes de minério de ferro no Brasil devem investir 14.130 milhões de dólares até 2011, mas a procura pelo produto continuará alta, disse à macauhub o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Paulo Camillo afirmou que o impacto dos investimentos na produção não será suficiente para atenuar a tendência de alta do preço do minério de ferro no mercado internacional.

“O que se imagina é que, mesmo com esse investimento em minério de ferro, o quadro de oferta apertada e alta procura vai permanecer”, previu.

Os investimentos na mineração brasileira entre 2007 e 2011 deverão totalizar 32 mil milhões de dólares, sendo 14130 milhões destinados ao minério de ferro, segundo dados adiantados pelo Instituto, que reúne as empresas do sector que actuam no Brasil, nacionais e estrangeiras.

Além dos investimentos directamente relacionados com a actividade de extracção, o valor inclui gastos em infra-estruturas para exportação, como a expansão da Estrada de Ferro Carajás, avaliada em 700 milhões de dólares e custeada pela brasileira Vale.

Também estão previstos investimentos no sector do minério de ferro brasileiro pelas companhias EBX, MHAG e London Mining, entre outras.

Paulo Camillo disse que esses recursos “vão repercutir-se fortemente no aumento da produção de minerais” no Brasil, mas o crescimento da China vai continuar a absorver a matéria-prima, como acontece atualmente.

“Hoje não existe disponibilidade de stock [de minério de ferro] em lugar nenhum do mundo, não só pela procura chinesa, mas pela incapacidade das empresas de investirem ainda mais na produção” para atender a essa procura, afirmou o responsável pelo Ibram.

Se confirmado, o valor dos investimentos na mineração de ferro previsto para o período entre 2007 e 2011 será 314 por cento maior do que o aplicado entre 2002 e 2006 — 3410 milhões de dólares, segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral.

Em 2006, o Brasil produziu 317 milhões de toneladas de minério de ferro, ocupando o segundo lugar na lista mundial, com 18,52 por cento do mercado, atrás apenas da China.

As projecções do Ibram indicam que, em 2011, a produção brasileira deverá alcançar 581,3 milhões de toneladas — um aumento de 83,37 por cento em relação a 2006, ano dos últimos dados consolidados.

O Brasil é o terceiro maior fornecedor de minério de ferro à China, que é o maior consumidor mundial da matéria-prima, responsável por cerca de 40 por cento das importações globais.

Recentemente, o Ministério chinês do Comércio anunciou que a exportação brasileira de ferro para a China aumentou seis por cento em 2007 e atingiu um recorde de 105 milhões de toneladas.

Segundo Paulo Camillo, nem um quadro de recessão na economia norte-americana conseguiria desacelerar o crescimento da procura por minério de ferro, já que “actores importantes da comunidade internacional, como a China, a Índia e até a Alemanha, devem continuar a crescer”.

“O que se espera é que haja uma compensação pelo crescimento dos outros países”, afirma Camillo, sublinhando que também no Brasil a tendência é de alta no consumo devido ao Programa de Aceleração do Crescimento, criado pelo governo brasileiro. (macauhub)