Angola: Angola precisa de diversificar as suas actividades económicas – OCDE

9 June 2008

Lisboa, Portugal, 09 Jun – Angola precisa de uma “mudança radical” na estratégia política e apostar na diversificação das actividades, além da extracção do petróleo, para conseguir retirar da pobreza a maioria da população, disse sexta-feira em Lisboa um porta-voz da OCDE.

“Angola precisa de uma mudança radical da política para iniciar, continuar e aumentar os projectos com vista à melhoria da vida nos campos e nas cidades regionais”, disse em entrevista à agência noticiosa portuguesa Lusa o porta-voz do centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Colm Foy, que sexta-feira apresentou em Lisboa as Perspectivas Económica para África 2008.

Colm Foy sublinhou que a nível nacional, 68 por cento da população vive na pobreza, defendendo que não é aceitável que um dos países mais ricos de África tenha simultaneamente uma das populações mais pobres.

Colm Foy aponta o dedo à economia angolana por depender “totalmente do sector do petróleo” e estar concentrada apenas nos minerais e na indústria extractiva.

Em 2006, a contribuição do sector do petróleo para o PIB foi de 60 por cento, contra 40 por cento dos restantes sectores, como o agrícola (8 por cento), comércio por grosso e retalho (15 por cento), construção (5 por cento), indústria manufactureira (5 por cento), outros serviços (8 por cento) e diamantes (2 por cento).

Coml Foy considera contudo que o peso destes últimos sectores ainda é reduzido e sublinha que numa economia global a contribuição de todos os sectores está distribuida de forma mais equilibrada.

Apesar do forte crescimento de Angola verificado nos últimos anos – só em 2007 foi de 19,8 por cento – Colm Foy considera que a qualidade de vida das pessoas “melhorou pouco”, pelo que é preciso apostar na diversificação dos sectores de actividades.

Questionado sobre as previsões da OCDE e do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) que antecipam para 2009 um abrandamento do crescimento da economia angolana para metade do previsto este ano, passando de 11,5 por cento em 2008 para 5,1 por cento no próximo ano, Colm Foy diz que é uma “visão realista e não pessimista”, uma vez que a produção do petróleo se vai manter nos cerca de 1,9 milhões de barris diários e o preço do petróleo vai estabilizar, pelo que o crescimento económico vai baixar.

Quanto às previsões do Fundo Monetário Internacional, que antecipa para este ano um crescimento de 15,9 por cento, e um abrandamento para 13,2 no próximo, o porta-voz da OCDE disse que a análise do FMI baseia-se na subida dos preços do petróleo. (macauhub)

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