Angola: Atraso nos pagamentos do Estado a fornecedores pode afectar crescimento económico – Banco Mundial

3 June 2009

Luanda, Angola, 3 Jun – O crescimento económico e o emprego em Angola podem vir a ser afectados pelo atraso nos pagamentos a fornecedores do Estado, devido a constrangimentos orçamentais provocados pela queda das receitas petrolíferas, alertou terça-feira em Luanda o Banco Mundial.

Dadas as dificuldades de financiamento do Estado, “têm havido muitos rumores de atrasos nos pagamentos a fornecedores e de um congelamento na contratação pelo sector público”, lê-se num relatório económico divulgado pelo gabinete do Banco Mundial em Luanda.

“O atraso no pagamento a fornecedores pode ter um impacto negativo no crescimento uma vez que estes, por arrastamento, começam a fazer os seus próprios ajustamentos e a cortar despesas, especialmente através da redução do emprego”, adianta.

A questão do atraso no pagamento a fornecedores foi levantada recentemente pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA), Carlos Bayan Ferreira, em declarações ao Jornal de Negócios.

De acordo com Bayan Ferreira, há empresas portuguesas a recorrer à câmara de comércio por “começarem a sentir atrasos nos pagamentos por parte das autoridades angolanas”.

O Banco Mundial relata as atribulações actuais das autoridades angolanas para financiar o actual défice fiscal.

O financiamento passa pela aplicação de poupanças dos últimos anos e também pelo endividamento, que, a nível externo, “deverá, nas actuais circunstâncias, restringir-se às linhas de crédito existentes uma vez que os mercados de crédito internacional permanecem praticamente secos”.

A nível interno, o banco nacional tem vindo a colocar obrigações, mas com resultado “decepcionante” devido à falta de procura, mesmo para os novos títulos CPI, indexados à taxa de inflação e taxas de remuneração atractivas.

Quanto às receitas petrolíferas, desde Outubro de 2008 a descida é “dramática”, especialmente nos dois primeiros meses deste ano, quando ficaram em 31 por cento do registado no período homólogo.

Os últimos sinais dão conta de uma melhoria – o preço de referência dos barris petrolíferos do campo “Girassol” tinha recuperado 25 por cento em Abril face ao início do ano – e as receitas fiscais angolanas “deverão melhorar nos próximos meses”.

O Banco Mundial sublinha ainda a descida das reservas externas angolanas – de 20 mil milhões em Novembro de 2008 para 13,7 mil milhões em Março – devida à diminuição das receitas de venda de petróleo e diamantes. (macauhub)

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