Praia, Cabo Verde, 23 Nov – A empresa de Macau Geocapital – Gestão de Participações passou a ser o maior accionista privado da Caixa Económica de Cabo Verde (CECV), ao comprar 27,41 por cento do capital social do banco, informou a instituição sexta-feira na Praia.
De acordo com o comunicado do Conselho de Administração da CECV, a Geocapital adquiriu ao grupo mutualista português Caixa Económica Montepio Geral 95.476 acções representativas do capital social da CECV, por contrato de compra e venda outorgado a 18 de Setembro último em Lisboa.
Das acções adquiridas pela Geocapital, 91.652 são nominativas e não admitidas à negociação em Bolsa e as restantes 3.824 são ao portador e admitidas à negociação em Bolsa.
Com a aquisição de uma posição destacada na Caixa Económica – que tem o restante capital social disperso por entidades cabo-verdianas – a Geocapital passa a deter posições em quatro instituições financeiras de quatro países africanos de língua oficial portuguesa.
A Geocapital, que integra como accionista a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), maioritariamente detida pelo magnata Stanley Ho, foi constituída para avançar com investimentos nos sectores básicos da economia de países de língua portuguesa, sobretudo na Guiné-Bissau e Moçambique.
Em Maio deste ano, o governo de Cabo Verde e a Geocapital assinaram um acordo para criar um Centro Internacional de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico dedicado aos biocombustíveis.
A criação do centro surgiu na sequência do projecto do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA), com vista ao estabelecimento de parcerias público/privadas para o fortalecimento da linha de investigação de plantas oleaginosas fornecedoras de biocombustíveis.
Biocombustível é qualquer combustível de origem biológica, que não seja fóssil e é criado pela mistura de uma ou mais plantas, como a cana-de-açúcar, mamona, soja, cânhamo, canola, babaçu, lixo orgânico, entre outros tipos.
No caso de Cabo Verde, a planta em causa é a purgueira (ou jatrofa), que cresce espontaneamente em todo o arquipélago e que pode ser semeada em qualquer lugar fora dos 10 por cento de terras aráveis (apenas cerca de 45.000 hectares), segundo o ministro do Ambiente cabo-verdiano, José Maria Veiga.
Com a parceria, o INIDA aprovou, paralelamente, a retoma da investigação em culturas não-alimentares, com especial incidência em oleaginosas produtoras de biocombustíveis, iniciada nos anos 1980, e permite a valorização das áreas marginais à produção agrícola em zonas áridas e semi-áridas.
Ainda na área dos biocombustíveis, e com recurso ao aproveitamento da purgueira, a Geocapital acredita que a plantação desta espécie vegetal na Guiné-Bissau e em Moçambique deverá ser iniciada no final de 2009 ou início de 2010, acção que permitirá iniciar a produção de biocombustível em dois ou três anos.
No caso de Cabo Verde, o centro deverá arrancar até ao final deste ano, altura em que deverão estar concluídos os planos de investigação e de formação local e os recursos humanos e financeiros. (macauhub)