Oshikango, às portas de Angola, revela reforço do investimento chinês em África

22 March 2010

Macau, China, 22 Mar – A vila de Oshikango, na Namíbia, junto à fronteira com Angola, é, pela crescente importância como pólo comercial sino-africano na região, exemplo de uma tendência de reforço de laços comerciais num cenário pós-crise, segundo o banqueiro George Lo.

“O corredor comercial entre a China e África é visto por muitos como o capítulo mais excitante deste reequilíbrio económico global. Este período de pós-recessão será alimentado por muitas novas parcerias entre países africanos e a China”, afirma Lo, director do First National Bank para o Leste Asiático, no estudo “O papel da China na recuperação da economia asiática: A perspectiva africana”.

Para Lo, no futuro próximo a China vai continuar a investir no continente para assegurar o acesso a matérias-primas e África pode aproveitar esta oportunidade para acelerar o seu desenvolvimento económico.

Exemplo do padrão de investimento é a zona de desenvolvimento económico que se estende da zona produtora de cobre da Zâmbia até à vila Oshikango, no lado namibiano da fronteira com Angola, que “está a tornar-se num pólo comercial regional à medida que mais grossistas chineses através dali abastecem Angola de bens”.

Na última década, o comércio entre China e África cresceu a uma média de 30 por cento ao ano, tendo crescido 45 por cento em termos anuais em 2008 para 107 mil milhões de dólares.

No seu estudo, publicado no boletim mensal do Centro de Estudos Chineses da Universidade sul-africana de Stellenbosch, Lo defende que a crise veio fortalecer a posição dos países asiáticos no sistema financeiro internacional e os laços entre as economias da China e dos países africanos.

“Nos últimos três anos, o crescimento no volume comercial sino-africano fez frequentes manchetes. Mesmo durante a crise, o comércio entre a China e a maioria dos países africanos cresceu a dois dígitos. A China está a tornar-se no mais importante parceiro comercial de muitos países africanos. Angola tornou-se no maior parceiro comercial da China em África, enquanto a China é agora o maior parceiro da África do Sul”.

Paralelamente, a China tem estado a apostar no desenvolvimento de infra-estruturas em África e em projectos estratégicos para construção de aeroportos, estradas, caminhos-de-ferro e outros.

Entre estes estão as ferrovias entre Dar-es-Salaam, na Tanzânia, com a zona produtora de cobre na Zâmbia e entre o porto gabonês de Owendo e Belinga, no Sudão.

“A China também se concentra em projectos que envolvem transportes, oleodutos e refinarias de petróleo. Estes projectos são alguns dos muitos investimentos estratégicos que o país fez com o objectivo de assegurar fornecimento de petróleo. Isto é especialmente importante dado que 28 por cento da energia da China vem de países africanos”, afirma Lo.

Angola tem estado a ganhar peso entre os fornecedores de petróleo chineses e, no início deste ano, suplantou mesmo a Arábia Saudita, tornando-se no primeiro.

Nesta fase, defende o banqueiro, a Ásia está a liderar o esforço de saída da recessão e outros países no continente estão a olhar com interesse para África, casos da Malásia, Singapura e Coreia do Sul.

Certo é que o ano em curso será de celebrações nos dois continentes: enquanto a África do Sul recebe no Verão o campeonato do mundo de futebol, a China vai receber a maior exposição mundial de sempre, em Xangai. (macauhub)

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