Maputo, Moçambique, 7 Nov – O governo de Moçambique vai analisar o impacto ambiental da utilização do rio Zambeze para o escoamento de carvão mineral a ser extraído em Tete, conforme defendido pelo grupo mineiro Rio Tinto, afirmou o ministro moçambicano dos Transportes e Comunicações.
Na semana passada, o director executivo da Rio Tinto, Doug Ritchie, disse ao chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, que o grupo encara o rio Zambeze como alternativa viável para a exportação do carvão que vai extrair das concessões que detém na província de Tete, centro de Moçambique.
Em declarações à agência noticiosa portuguesa Lusa, o ministro Paulo Zucula afirmou que o governo vai debruçar-se sobre o estudo de navegabilidade do rio Zambeze realizado pela Rio Tinto para analisar os impactos ambientais da utilização do rio Zambeze por navios de grande calado, principalmente os efeitos da dragagem do rio, a sobrevivência da fauna e flora locais e o risco de ocorrência de inundações.
“Não somos contra a utilização dos rios no transporte, navegar rios é bom. Interessa-nos saber o impacto no caso da navegação por navios de grande calado, porque tem a ver com a dragagem, profundidade do rio, inundações e sobrevivência da população”, salientou Paulo Zucula.
A utilização do rio Zambeze para o transporte do carvão de Tete, província com reservas de carvão das maiores do mundo, tem sido posta em causa por organizações de defesa do ambiente, devido a receios de degradação do ecossistema, fundamental para a sobrevivência das populações do centro e norte de Moçambique.
Ensaios de navegabilidade do rio Chire realizados no ano passado pelo Malawi, um país vizinho de Moçambique sem acesso directo ao mar, provocaram tensões entre os governos dos dois países, porque Maputo determinou o condicionamento da navegação do rio por navios de grande calado a estudos de viabilidade ambiental. (macauhub)