Moçambique deverá registar um défice orçamental de 6,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, num cenário favorecido pela contenção da despesa pública, indica a Economist Intelligence Unit no seu mais recente relatório macroeconómico sobre o país.
Apresentando uma tendência de diminuição do défice orçamental do país até 5,5% do PIB, em 2018, a Economist Intelligence Unit (EIU) antecipa um aumento gradual das despesas do Estado, salientando que estas serão compensadas pelo crescimento da receita pública, na base de “um crescimento económico robusto” e de uma maior colecta de impostos provenientes da exploração de recursos minerais.
Na sua revisão macroeconómica de Julho sobre o país, a que a macauhub teve acesso, a publicação avança que a dívida pública moçambicana irá “manter-se elevada” no período compreendido entre 2015 e 2019, a uma média anual de 53,2%.
Mas, apesar de considerar que o nível de endividamento permite ainda a sua gestão, a EIU alerta para os riscos associadas à conjuntura internacional, que representam uma ameaça à sua sustentabilidade, dando o exemplo da hipotética diminuição da procura de lingotes de alumínio ou de carvão, que poderia ter impactos na receita fiscal do Estado.
Já do ponto de vista da despesa pública, o relatório sinaliza a “fraca posição financeira” de algumas agências estatais e a possível pressão dos funcionários públicos para o aumento dos seus salários.
Por outro lado, também o início, em 2015, dos reembolsos do pagamento da dívida da Empresa Moçambicana de Atum (Ematum), sob um aval do Estado de 850 milhões de dólares, vai deteriorar os indicadores de sustentabilidade da dívida, num quadro agravado pela depreciação do metical, lê-se ainda no documento.
A EIU nota que a intervenção do Banco de Moçambique no mercado cambial tem permitido controlar a “pressão sobre o metical”, que desvalorizou cerca de 27% face ao dólar no último ano, mas espera que esta política não perdure, uma vez que tem tido impactos nas reservas internacionais do banco central, que são agora de 2600 milhões de dólares.
Sobre a inflação, os analistas da publicação indicam que deverá aumentar de 2,3%, em 2014, para 2,9%, em 2015, com os preços baixos dos combustíveis e dos produtos alimentares nos mercados internacionais a compensar a depreciação do metical e o possível aumento das tarifas de electricidade. (Macauhub/MZ)