Moçambique é o país africano com uma situação mais crítica em termos de excesso de dívida pública, tendo ainda dos piores indicadores económicos no continente, de acordo com um relatório elaborado pelas organizações não-governamentais alemãs Misereor e Erlassjahr.de quinta-feira publicado.
O documento recorda que Moçambique era considerado um país africano modelo até há dois anos, altura em que veio a público que duas empresas estatais – ProIndicus e Mozambique Assett Management – tinham contraído empréstimos com aval do Estado ao arrepio da legislação em vigor no país no montante de 1,2 mil milhões de dólares.
A Empresa Moçambicana de Atum, igualmente estatal, adicionou mais 850 milhões de dólares à dívida pública do país, posto o que se seguiu a incapacidade do país em honrar o serviço da dívida, com consequências como a desvalorização da moeda e o aumento dos preços no consumidor.
O documento das duas ONG, uma aliança alemã de 600 organizações da sociedade civil, igreja e políticas que defendem o alívio da dívida dos países mais pobres, de acordo com a Deutsche Welle, adianta existirem em África dez países classificados como “criticamente” ou “muito criticamente” endividados e acrescenta ser a tendência para piorar.
Sete países – Angola, Moçambique, Gâmbia, Chade, República Democrática do Congo, Somália e Zimbabué – pagam as suas dívidas apenas parcialmente ou já deixaram de pagar, pode ler-se no documento citado.
Angola, país afectado pela baixa dos preços do petróleo, é avaliado numa situação “crítica” de excesso de endividamento, contando-se entre os países africanos de língua oficial portuguesa Cabo Verde, que também se encontra na lista de países em situação “crítica” ou “muito crítica”, devido à sua vulnerabilidade a catástrofes naturais. (Macauhub)