Os benefícios que Cabo Verde obtém do regime de paridade fixa do escudo cabo-verdiano face ao euro faz com que não valha a pena aderir à moeda única da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), disse sexta-feira na Praia o governador do Banco de Cabo Verde.
“Cabo Verde tem uma moeda credível, que cumpre as funções de reserva de valor e meio de troca, que inspira confiança e permitiu ao país dar o salto que deu, pelo que não faz sentido estar a alterá-la”, disse João Serra, à margem da abertura da Conferência Internacional comemorativa dos 20 anos da assinatura do Acordo de Cooperação Cambial entre Portugal e Cabo Verde.
Citado pela agência noticiosa Inforpress, o governador adiantou que tendo em conta as características da economia cabo-verdiana, virada quase que exclusivamente para a Europa, o país não terá qualquer vantagem com a adesão à moeda única africana.
“Quase não temos relações económicas com África, quer com a CEDEAO, quer com o continente no seu todo, pelo que defendemos do ponto de vista técnico que a adesão de Cabo Verde à moeda única da CEDEAO não vale a pena, não trará benefícios que eventualmente pudessem suplantar os que temos agora com o regime fixo face ao euro”, precisou.
João Serra esclareceu também que a substituição do escudo cabo-verdiano pelo euro é igualmente uma questão que não está sobre a mesa.
“O que está a acontecer é a circulação em paralelo do escudo cabo-verdiano com outras moedas, desde que sejam aceites”, disse, para acrescentar que, com a aprovação da lei da liberalização de movimento de capitais, a dupla circulação informal deixou de ser um ilícito sujeito a contraordenações. (Macauhub)