China era o país maior credor de Moçambique no final de 2017

18 January 2019

A China era no final de 2017 o país maior credor de Moçambique, com empréstimos concedidos no montante de 1,8 mil milhões de dólares, segundo o Relatório e Parecer do Tribunal Administrativo sobre a Conta Geral do Estado desse ano.

O endividamento de Moçambique para com a China no final de 2017 representava 38,3% da dívida total para com Estados terceiros, tendo grande parte dos empréstimos contraídos estado relacionada com projectos iniciados durante o segundo mandato do Presidente Armando Guebuza.

O relatório do Tribunal Administrativo, que não inclui o recente endividamento para a construção do aeroporto do Xai-Xai, adianta que de Dezembro de 2016 para Dezembro de 2017 a dívida de Moçambique à China aumentou 200 milhões de dólares.

O jornal A Verdade, que cita as conclusões do relatório, escreve que as condições de amortização destes empréstimos, “aparentemente desinteressados e que apenas impõem que empresas da China executem as obras”, “são uma grande incógnita.”

O Estádio Nacional de Zimpeto, o novo aeroporto de Mavalane, o novo edifício da Presidência da República, a Estrada Circular e a ponte Maputo/Catembe são algumas das infra-estruturas negociadas durante o segundo mandato de Armando Guebuza.

Todas estas obras tiveram como resultado o aumento da dívida de Moçambique à China, que passou de 342 milhões de dólares em 2012/2013 para 1,6 mil milhões de dólares quando o Filipe Nyusi foi empossado Presidente da República.

O relatório do Tribunal Administrativo revela também que o aumento da dívida verificado em 2017 ficou a dever-se ao registo do empréstimo de 156 milhões de dólares negociados por Armando Guebuza para o processo de migração da televisão e telefonia de analógico para digital que tem uma taxa de juro de 2,0% e um período de amortização de 20 anos, com sete de graça.

A China era, no entanto, apenas o segundo maior credor individual de Moçambique, sendo o primeiro lugar ocupado pela Associação de Desenvolvimento Internacional (IDA), uma instituição do Banco Mundial, que concedeu empréstimos no montante de 2,5 mil milhões de dólares.

A dívida pública bilateral de Moçambique ascendia no final de 2017 a 4,8 mil milhões de dólares, sendo o terceiro maior credor Portugal, com 640 milhões de dólares, seguido d Líbia, 232 milhões, França, 213 milhões, Iraque, 211 milhões e Coreia do Sul, 201 milhões de dólares.

Por seu turno, a dívida pública total de Moçambique ascendia a 10,3 mil milhões de dólares, sendo que a dívida externa era de 8,7 mil milhões de dólares. (Macauhub)

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