A economia de Angola deverá registar uma contracção de 4,1% em 2020, segundo a mais recente previsão da Economist Intelligence Unit (EIU) para o país, que compara com uma anterior de menos 2,6%, em resultado da quebra dos preços do petróleo e os efeitos da pandemia de Covid-19.
O documento recorda a luta por quota de mercado entre a Rússia e a Arábia Saudita e a quebra na procura na sequência do novo vírus corona que causou a quebra dos preços do principal produto exportado por Angola, antecipando agora que o barril deverá oscilar em torno de 32 dólares este ano, quando anteriormente se situava à volta de 60 dólares.
O Orçamento Geral do Estado para 2020 de Angola foi elaborado tendo por base o preço do barril a 55 dólares, sendo que a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, já anunciou estar a preparar a revisão do documento a fim de o enquadrar na nova realidade, que terá por base o preço do barril a 35 dólares.
O comunicado oficial divulgado em final de Março informava que iria haver uma “ligeira queda da produção petrolífera que irá cifrar-se em 1,36 milhões de barris de petróleo por dia e a manutenção dos níveis de produção de diamantes, cujo preço médio por quilate é reduzido de 162 100,3 dólares.”
No tocante a estas medidas de carácter estrutural e tendentes à reprogramação macroeconómica, a ministra alertou que com a redução na arrecadação o país irá assistir a um agravamento da depreciação cambial e a uma inflação acima do esperado.
Consequentemente, frisou, as previsões macroeconómicas para 2020 assinalam uma recessão em 2020 em torno de 1,21%, como resultado da degradação do quadro económico envolvente.
Tanto as afirmações da ministra como as previsões da EIU não entram em linha de conta com o acordo obtido pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e por países não-membros do cartel para suster a recente queda dos preços petrolíferos, que deverá implicar uma descida da produção angolana para perto de 1,1 milhões de barris diários.
O corte na produção, decidido a 9 de Abril, será de 23% para todos os Estados signatários do acordo e tem como referência o histórico de Outubro de 2018, altura em que Angola tinha uma produção diária de 1,53 milhões de barris, o que, revisto o nível, implicará uma redução para 1,18 milhões de barris/dia.
O país tem produzido entre 1,3 milhões e 1,4 milhões de barris por dia nos últimos meses, abaixo dos mais de 1,6 milhões registados em 2017 e 2018, segundo os relatórios da OPEP.
As previsões da EIU para os restantes anos analisados neste relatório, de 2019 a 2024, indica que a economia angolana retomará a senda do crescimento em 2021, se bem que à taxa marginal de 0,1%, antes de avançar para valores mais visíveis, como sejam 3,4% e 3,6% em 2022 e 2023, respectivamente e 5,8% em 2024.
A taxa de inflação deverá manter-se elevada, aumentando para 24% este ano antes de começar a baixar à medida que a depreciação da moeda nacional se reduz, devendo os preços registar aumentos homólogos médios de 10,4% no período de 2021 a 2024.
A moeda, por seu turno, continuará a perder valor face às principais divisas, casos do dólar e do euro, devendo este ano depreciar-se para 536,8 kwanzas por dólar, posto o que manterá a perda de valor mas a um ritmo mais baixo, devendo chegar a 2024 a 584,2 kwanzas por dólar. (Macauhub)