Empresas chinesas em Angola registam quebra na facturação

28 April 2020

As empresas chinesas que operam em Angola registam até à data uma quebra na facturação que se situa entre 350 milhões e 500 milhões de dólares devido às restrições derivadas da imposição do estado de emergência para suster a propagação do Covid-19, disse o vice-presidente da Câmara de Comércio Angola-China (CCAC).

Francisco Shen disse ao Jornal de Angola que as empresas chinesas a operar no país obtiveram em 2019 uma facturação de 2,86 mil milhões de dólares, tendo o investimento nesse ano ascendido a 206 milhões de dólares.

“O primeiro trimestre deste ano está a ser caracterizado por perdas sucessivas nos negócios em todas as empresas privadas e estatais da China em Angola, sendo que, devido ao surto de Covid-19 e à situação económica geral, o número de cidadãos e empresários chineses em Angola é inferior a 50 mil dos 200 mil registados até final de 2019”, disse o vice-presidente da CCAC.

Shen recordou que várias empresas chinesas que regressaram à China participaram de forma activa na transformação e modernização do país, nos sectores da construção civil, indústria, agricultura, pesca, mineração, educação, comércio e restauração.

A queda vertiginosa do preço do petróleo levou à paralisação dos projectos de construção de infra-estruturas, pelo que as empresas de construção civil optaram pela retirada do mercado ou transformação das suas actividades.

Em 2019, prosseguiu Chen, todas as empresas chinesas sobreviveram às dificuldades, mesmo com as restrições no acesso às divisas, mas nesta altura de pandemia quase todos os negócios, acções de cooperação e intercâmbios estão suspensos.

“Os investimentos estão suspensos em função da situação da desvalorização da moeda angolana e do custo de produção que está cada vez mais elevado”, esclareceu, para adiantar que as empresas neste momento querem garantir apenas o pagamento de impostos e as obrigações com os funcionários.

Francisco Chen salientou a queda verificada nas trocas comerciais entre Angola e a China em 2019, de 8,35% em termos anuais para 25,71 mil milhões de dólares, bem como a verificada nas obras públicas, em que o valor dos contratos adjudicados a empresas chinesas atingiu 809 milhões de dólares, uma queda de 63,9% em relação a 2018. (Macauhub)

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