O negócio dos hospitais em Portugal é um dos que está na “mira” da petrolífera angolana Sonangol, numa altura em que a crise portuguesa atrai investidores angolanos, brasileiros e chineses a estudar aquisições e privatizações, de acordo com a folha de informação Africa Monitor.
Na semana passada a Africa Monitor noticiou que a estatal Sonangol tenciona concorrer à privatização da HPP Saúde – Hospitais Privados de Portugal, do grupo estatal financeiro Caixa Geral de Depósitos e que já comunicou essa intenção ao governo português, concretamente ao ministro das Finanças de Portugal, Vitor Gaspar, no decurso da sua recente viagem a Luanda.
O sector hospitalar é uma das áreas de negócio extra petrolífero da Sonangol, que está envolvida com a Caixa Geral de Depósitos na criação em Angola em 2012 de um banco de desenvolvimento cujo capital (400 milhões de dólares) será detido em partes iguais pelos dois accionistas.
A venda da HPP é apenas mais um de vários outros grandes negócios em Portugal que têm atraído investidores de Angola, Brasil ou China.
O grupo brasileiro Camargo Corrêa lançou uma oferta pública de aquisição sobre 67,1% do capital da cimenteira Cimpor, a parte do capital que não detém.
Na banca, ficou concluída nos últimos dias a aquisição do Banco Português de Negócios (BPN) pelos angolanos do BIC.
A italiana ENI está a vender os primeiros 5% da sua participação de 33% na Galp Energia à Amorim Energia, que é controlada pela Sonangol e pelo grupo português Amorim.
Keith Mullin, da International Finance Review (grupo Thomson Reuters), escreveu após uma passagem por Lisboa na semana passada que Portugal se tornou num “ninho de fusões e aquisições”, apesar de os efeitos da crise dominarem a discussão pública.
Apesar de negócios como o da oferta de aquisição da concessionária de auto-estradas Brisa pelo grupo José de Mello e Arcus Infrastructure Partners envolverem sobretudo capital europeu, a maioria destes negócios recentes tem como actores principais empresas de países de língua portuguesa e também a China.
“Estes negócios mostram perfeitamente o espírito (de Portugal captar fluxos de capital entre países de língua portuguesa), embora alguns sorriam de forma incómoda perante a ideia de interesses angolanos e brasileiros tomarem partido dos baixos preços dos activos em Portugal, como uma espécie de colonização ao contrário”, adiantou Mullin.
As empresas da China foram até agora as que tiraram mais partido das privatizações em Portugal, primeiro com a aquisição de 21% da Energias de Portugal (EDP) pela China Three Gorges (CTG), no final do ano passado.
Este negócio foi seguido pela aquisição de parte da Redes Energéticas Nacionais (REN) pela State Grid Corporation of China (SGCC). (macauhub)