As autoridades e empresas da China estão a lançar novos projectos na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, em domínios como as pescas, turismo e comunicação social, que prometem estreitar as relações com os países de língua portuguesa da África Ocidental.
O primeiro-ministro guineense, Carlos Correia, recebeu na semana passada em audiência o embaixador da China, Wang Hua, tendo ambos discutido um projecto de capital chinês para investir mais de 300 milhões de dólares, além de estabelecer uma zona de livre comércio no sul da região de Biombo.
“O propósito [dos novos projectos] é pôr em prática o espírito da cimeira China/África”, em Dezembro em Joanesburgo, visando “dentro de “três anos levar a um novo patamar as relações de cooperação na agricultura, indústria, educação, saúde, infra-estrutura, cultura e outras áreas”, assim impulsionando o desenvolvimento socioeconómico, refere nota do gabinete do chefe de governo guineense.
Numa semana em que um grupo de empresários e investidores da China visitou a Guiné-Bissau, a mesma nota adianta que primeiro-ministro e embaixador, acompanhados pela secretária de Estado da Cooperação Internacional e Comunidades, Suzi Barbosa, passaram em revista a cooperação bilateral para 2016.
O projecto de 300 milhões de dólares, promovido pela Fujian Shai Corp, visa a construção de um complexo de pesca e de uma unidade hoteleira de cinco estrelas em Prabis, 18 quilómetros a sudoeste de Bissau.
De acordo com afirmações do presidente da empresa chinesa, Yang Ming, está ainda prevista a construção de um porto de pesca para descarregar o pescado bem como a reconstrução da estrada que liga Bissau àquela localidade, prevendo-se a criação de cerca de 3 mil postos de trabalho directos.
Também na semana passada, foi noticiado a assinatura de um contracto de 60 milhões de dólares entre a Guiné-Bissau Telecom e a fabricante de telecomunicações Huawei, prevendo o relançamento da cobertura de rede móvel, através da instalação de cerca de 150 postos retransmissores de sinal, com tecnologia de última geração.
A Huawei esclareceu mais tarde, através do seu representante em Bissau, que “neste momento” ainda não existe contracto, mas sublinhou, contudo, o seu “grande interesse” no estabelecimento de uma “boa parceria” com a Secretaria de Estado dos Transportes e Comunicações, que contribua para os esforços de modernização daquele sector guineense.
O envolvimento da China no país tem forte expressão na construção de infra-estruturas públicas e ainda na agricultura, no cultivo de caju e num centro de formação onde, no âmbito da assistência técnica, é disponibilizada formação técnica aos agricultores locais.
Em Cabo Verde, o director-geral da Comunicação Social, Justino Miranda, deu conta na semana passada do interesse da China em financiar a nova sede da empresa pública de comunicação social, a Rádio Televisão Cabo-verdiana e Inforpress (RTCI), devendo o governo cabo-verdiano apresentar este ano um projecto pormenorizado, para que a construção tenha início em 2017.
Justino Miranda frisou na ocasião que a cooperação com a China tem dado frutos para o sector, através da distribuição de material informático e de formação, sendo aguardada para este mês a oferta de equipamentos no valor de cerca de um milhão de dólares. (Macauhub/CN/GW)