A maior Zona Económica Especial de Angola, a de Luanda-Bengo (ZEELB), que foi erguida com apoio da China, vai abrir a maior parte das suas unidades industriais ao capital privado, num esforço para racionalizar recursos e estimular a diversificação económica.
O mais recente projecto de investimento na ZEELB pertence à CITIC Construction (Angola), que, vai investir 40 milhões de dólares numa fundição de alumínio, destinada a reduzir as importações deste material, com um impacto positivo na balança comercial angolana.
A Economist Intelligence Unit considera no seu mais recente relatório sobre Angola a decisão “um passo positivo”, num contexto de crescimento económico lento devido à quebra no sector petrolífero, o “envolvimento de empresas privadas para ajudar a impulsionar os sectores não petrolíferos para um governo que permanece altamente orientado para o Estado.”
A venda das unidades industriais, 53 de um total de 73 da ZEELB, representa um esforço da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), que gere desde 2011 gere a infra-estrutura de 8300 hectares, para reduzir custos e aumentar eficiência.
“A venda vai ajudar as autoridades a arrecadar receitas no curto prazo e a reduzir custos de manutenção, embora implique perda de receitas de rendas a longo prazo”, afirma a EIU.
“A medida está alinhada com a resposta política mais vasta do governo à crise do preço do petróleo, que é captar competências e capital do sector privado para ajudar a expandir a produção não petrolífera e criar mais empregos”, adianta.
Financiada em parte com linhas de crédito chinesas, a ZEELB pretendia apoiar a diversificação da economia, oferecendo condições preferenciais às empresas que ali se instalassem, tais como energia eléctrica, acessos rodoviários, desalfandegamento e apoio administrativo, além de incentivos fiscais.
O projecto atraiu diversas empresas, tendo permitido a criação de perto de 5000 postos de trabalho, mas, segundo a EIU, diversas unidades estão meio ocupadas ou vazias, num contexto de dificuldades económicas e financeiras adversas às empresas industriais.
Na ZEE funcionam unidades fabris ligadas à metalomecânica, embalagens metálicas, torneiras, sacos de plástico, galvanização e pavilhões metálicos, fabrico de mobiliários, colchões, entre outras.
Publicado em Junho, o despacho presidencial previa que fosse concluída em Agosto a venda de unidades industriais da ZEELB a empresas privadas detentoras de capital, competências e tecnologia suficiente para alavancar as indústrias.
Em 2006, no Fórum para a Cooperação China/África, foi dada “prioridade significativa” ao objectivo de criar até 50 ZEE no estrangeiro, que estão em execução, mas já com 700 milhões de dólares investidos por empresas chinesas em 16 ZEE, de acordo com dados do Ministério do Comércio da China.
No recente estudo “O papel das zonas económicas especiais no desenvolvimento de países africanos e investimento directo estrangeiro chinês”, os investigadores Fernanda Ilhéu e Hao Zhang, do Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa lembram que, ao longo de 35 anos, as Zonas Económicas Especiais tiveram “um papel decisivo no desenvolvimento de locais como Shenzhen, Zhuhai, Xiamen, Shantou, Hainan e Xangai e que os países africanos podem e devem aproveitar essa experiência. (Macauhub/AO/CN)