O investimento de 6000 milhões de dólares no gasoduto Rovuma/Gauteng, o maior de sempre de capital chinês em Moçambique, apoiará a estratégia de industrialização moçambicana e reforçará da presença chinesa na região, de acordo com análises recolhidas pela agência Macauhub.
Anunciado em Março, o gasoduto de 2600 quilómetros terá o estudo de viabilidade a cargo da China Petroleum Pipeline Bureau (grupo China National Petroleum Corp, accionista no bloco Área 4 da bacia do Rovuma) e, uma vez tomada a decisão de investimento, 70% do financiamento será assumido por instituições financeiras chinesas.
Aubrey Hruby, do Atlantic Council Africa Center, disse que o envolvimento chinês faz com que o projecto seja ganhador para três partes envolvidas.
“É um ganho para a China porque os empreiteiros chineses ficam com o negócio, é um ganho para a África do Sul e para Moçambique porque asseguram o gás de que precisam e é um ganho para o Zimbabué e para a Zâmbia, porque também precisam de energia”, afirmou a analista, citada pela agência Interfax.
O consórcio liderado pela CPP inclui a sul-africana Sacoil e ainda as moçambicanas Empresa Nacional de Hidrocarbonetos e Profin e vai entrar em concorrência com um outro, denominado Gasnosu, a cargo da sul-africana Gigajoule e apoiado pela eléctrica pública do país vizinho, Eskom.
O African Renaissance Pipeline, na sua actual concepção, prevê ramificações aos dois países vizinhos, permitindo-lhes aceder a uma importante fonte energética, enquanto Moçambique obtém receitas da venda de gás, além de poder utilizá-lo em projectos de industrialização em todo o país.
No Fórum para a Cooperação África-China (FOCAC) realizado em Dezembro de 2015 em Joanesburgo, a China comprometeu-se a triplicar para 60 mil milhões de dólares os empréstimos bonificados e comerciais a países africanos até 2018.
Charlotte King, da Economist Intelligence Unit, afirma que o projecto está em linha com a estratégia global da China para África, com objectivo de assegurar mercados de exportação, neste caso de engenharia, além de expandir a influência geopolítica.
A China tem vindo a assumir papel importante entre os principais parceiros externos de Moçambique e a previsão da generalidade dos analistas é que o seja cada vez mais.
Após a inauguração do Estádio do Zimpeto, também financiado pela China e a primeira grande infra-estrutura desportiva construída em Moçambique pós-independência, as atenções focam-se agora na ponte de Catembe, em Maputo, a inaugurar em 2017, com 3 quilómetros de extensão, que será uma das maiores infra-estruturas do género em África e no novo porto da Beira, a segunda maior cidade moçambicana,
Em Setembro de 2015 iniciaram-se as obras do novo porto da Beira, a cargo da China Harbour Engineering Co., uma infra-estrutura vista como chave para revitalizar a indústria de pescas do país, estando preparada para servir toda a cadeia produtiva, incluindo refrigeração e exportação de produtos processados.
A Estrada Circular de Maputo está a ser construída pela China Road and Bridge Corporation, também responsável pelo projecto da ponte de Catembe e o financiamento do Banco de Exportações e Importações (ExIm) da China permitiu ainda a conclusão, em 2012, dos novos terminais do aeroporto internacional de Maputo, o principal do país. (Macauhub/CN/MZ)