A assinatura, em Outubro, do acordo de cooperação trilateral entre Portugal e a China vai dar um novo impulso ao Fórum de Macau, reforçando o seu papel de aproximação aos países de língua portuguesa, afirmou o embaixador da China em Portugal, Cai Run.
Na abertura, na semana passada, do 1º Fórum da Juventude Luso-Chinesa, no Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa, o diplomata considerou o acordo de cooperação trilateral um elemento demonstrativo de que as relações entre os dois países estão no melhor momento da sua história.
“Com o acordo de cooperação trilateral e o Fórum de Macau, podemos desenvolver muito bem a cooperação multilateral entre a China, Portugal e os outros países de língua portuguesa”, disse o diplomata no Fórum, uma iniciativa da Liga da Multissecular Amizade Portugal China e do centro de pesquisa ChinaLogus.
Com o acordo oficial recentemente assinado entre Portugal e China, adiantou Cai Run, fica criada uma “base de direito” para a cooperação entre as partes.
Em Outubro, em visita à China e após assinatura do acordo trilateral, o primeiro-ministro português, António Costa, qualificou-o de uma “junção de saberes e forças”, para ambas as partes “fazerem melhor” nos países de língua portuguesa.
Durante a visita, na véspera da 5.ª Reunião Ministerial do Fórum de Macau, a China Three Gorges e EDP acordaram a criação de um mapa comum para investimentos nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), juntando o poder financeiro e tecnológico da China à facilidade de contacto e ao património histórico de Portugal no relacionamento com os PALOP.
A investigadora Fernanda Ilhéu, coordenadora do ChinaLogus – ISEG e uma das organizadoras do encontro do ISEG, disse que a cooperação entre mercados terceiros foi mencionada primeiramente pelo primeiro-ministro Li Keqiang em meados de 2015, em contactos na Europa.
Integrada na estratégia “Uma Faixa, Uma Rota”, a iniciativa, adiantou, visa combinar a capacidade de produção da China com a tecnologia e equipamentos avançados dos países europeus para desenvolver conjuntamente mercados nos países em desenvolvimento, trazendo benefícios recíprocos, incluindo a promoção da industrialização e desenvolvimento económico em mercados emergentes.
A visita de António Costa, durante a qual foram assinados quatro acordos entre governos e cinco entre empresas, foi evocada pelo embaixador chinês para demonstrar os “novos frutos da cooperação” entre Portugal e China, num momento de intercâmbio intenso, tanto que, afirmou, não teve ainda tempo de deslocar-se a Pequim para apresentar o seu relatório anual ao Ministério das Relações Exteriores.
Cai Run assinalou ainda que a tendência é de crescimento do investimento e que “há empresas grandes dos dois países a estudar projectos maiores”, que, a confirmarem-se, vão “fazer avançar ainda mais o investimento entre os dois países.”
Outro factor de impulso das relações, adiantou o diplomata chinês, é a abertura do voo Lisboa-Pequim pela Beijing Capital Airlines, a partir de Junho do próximo ano, iniciativa que vinha sendo “falada desde 1995” e que surge numa altura em que o turismo chinês para Portugal está em alta.
“Portugal continua a ser um dos países mais seguros da Europa e trabalhou muito para promover o início do voo entre os dois países”, disse Cai Run.
Presente na sessão de abertura, o presidente do ISEG, Mário Caldeira, manifestou o desejo de que os aviões que vão ligar Pequim a Lisboa tragam não apenas turistas, mas também venham “cheios de alunos e professores e investigadores.” (Macauhub)