Acordo da OPEP implica corte de produção petrolífera de Angola

14 April 2020

O acordo entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e países não-membros do cartel para suster a recente queda de preços petrolíferos deverá implicar uma descida da produção angolana para perto de 1,1 milhão de barris diários.

O corte na produção, decidido a 9 de Abril, será de 23% para todos os Estados signatários do acordo e tem como referência o histórico de Outubro de 2018, altura em que Angola tinha uma produção diária de 1,53 milhões de barris, o que, revisto o nível, implicará uma redução para 1,18 milhões de barris/dia.

O país tem produzido entre 1,3 milhões e 1,4 milhões de barris por dia nos últimos meses, abaixo dos mais de 1,6 milhões registados em 2017 e 2018, segundo os relatórios da OPEP.

O corte deverá ser aplicado já no início de Maio, durante dois meses, devendo aliviar nos meses seguintes, segundo decidido na Cimeira entre os países da OPEP, Rússia, Estados Unidos e outros produtores não-membros do cartel, que visa reduzir 9,7 milhões de barris por dia da produção mundial, para equilibrar a oferta e aumentar os preços.

Apesar da decisão, os preços do petróleo recuaram nos mercados internacionais, tendo o barril de Brent fechado próximo de 31 dólares.

A China tem sido, de longe, o maior importador de petróleo angolano, comprando cerca de dois terços do total das ramas produzidas, segundo dados da Sonangol.

Um relatório recente do Instituto de Gestão de Recursos Naturais (NRGI) dos Estados Unidos, citado pelo CLB Brief, indica que do total de cerca de 25 mil milhões de dólares em empréstimos concedidos pela China a Angola, pagos ou garantidos por fornecimento de petróleo, a maior parte (uma linha de 15 mil milhões de dólares concedida pelo Banco de Desenvolvimento da China), possui termos de remuneração que incorporam variações no preço do barril de Brent – valorizando quando o preço sobe nos mercados internacionais e vice-versa.

Alguns dos empréstimos não têm um prazo fixo para liquidação, mas sim um modelo de cálculo do valor de cada barril de petróleo, dando-se o seu termo quando a receita total apurada da exportação para China totalizar o montante financiado pelos bancos chineses.

Na actual situação de preços baixos (próximo de 30 dólares), este segundo tipo de acordo implica que a remuneração do empréstimo será atrasada por alguns anos.

Outros créditos de bancos chineses a países como Angola são liquidados por uma quantidade específica de barris de petróleo a exportar por dia (10 mil barris, ou 300 mil barris por mês, num dos casos) – logo, a sensibilidade à variação do preço é menor.

A dívida de Angola à China representa perto de metade do seu montante total de dívida, tendo em 2015, após a quebra do preço do petróleo, a China acedido a uma reestruturação de dívida e renegociação de termos de financiamento.  (Macauhub)

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