Angola cultiva “novas alianças”, mas preserva laços com a China e países de língua portuguesa

Angola, sob a liderança do presidente João Lourenço, tem estado a forjar “novas alianças”, nomeadamente com o Japão, mas continua a dar prioridade aos laços com China e países de língua portuguesa, segundo a Economist Intelligence Unit (EIU).

A EIU recorda no seu mais recente relatório sobre Angola que Lourenço, num esforço para diversificar as relações económicas e diplomáticas na Europa, visitou a França e a Bélgica em 2018, antes de visitar Portugal, já no final do ano.

“Novas alianças estão a ser cultivadas, embora as relações com potências globais, como os EUA e a China, também terão prioridade elevada”, adianta a EIU.

O relatório recorda que as autoridades chinesas anunciaram, após uma visita de Estado à China por João Lourenço em 2018, uma nova linha de crédito de 2 mil milhões de dólares, “que serão utilizados principalmente para financiar projectos de infra-estruturas.”

“Angola continuará a dar prioridade às relações com os países de língua portuguesa, incluindo o Brasil, bem como com a antiga potência colonial, Portugal”, país com o qual os “laços económicos, políticos e culturais de longa data” têm sido dificultados devido a uma série de investigações judiciais portuguesas a altos funcionários angolanos”, situação que deverá ser ultrapassada.

Em crescendo estão também as relações com o Japão, beneficiando do recentemente assinado contrato, no valor de 600 milhões de dólares, para a recuperação do porto do Namibe por um consórcio de empresas japonesas.

“O contrato também é significativo para o Japão que pretende expandir a sua presença na África, se bem que ofuscado pelos seus rivais asiáticos China e Coreia do Sul e se prepara para realizar a sétima Conferência Internacional de Tóquio sobre Desenvolvimento Africano em Agosto”, refere a EIU.

“O Japão tem sido historicamente cauteloso em relação ao investimento em Angola, devido ao ambiente operacional do país, sendo este último investimento um bom augúrio para a agenda de reformas do governo”, adianta.

Angola encontra-se sob assistência do Fundo Monetário Internacional, que, segundo o Africa Monitor, se traduz já num “ambiente mais propício em que Angola está agora a negociar créditos internacionais.”

O Africa Monitor noticiou que Angola negociou em Janeiro, em condições consideradas “muito favoráveis”, pelos menos dois créditos junto de bancos ingleses, em que a taxa de juro aplicada, Libor+1,5% (em libras/euros/iénes), é mais baixa do que a dos empréstimos negociados com a China (média de 3,4%).

“Desde o início do seu mandato, João Lourenço tem efectuado diversas deslocações ao estrangeiro com o propósito de atrair investimento privado, obter créditos e, no caso concreto da China, apresentar a pretensão de uma renegociação da dívida”, adianta. (Macauhub)

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