Angola e Moçambique com risco elevado para investidores

30 September 2019

Angola e Moçambique estão entre os países africanos com risco mais elevado, embora com tendência crescente no retorno para os investidores, segundo o Índice Risco-Retorno 2019, um estudo elaborado pelas sociedades de consultoria Oxford Economics e Control Risks.

No estudo em análise a pontuação de risco de Angola é de 6,16, uma melhoria de 0,13 pontos, mas quase o dobro de Maurícias e Botsuana, os mais bem classificados, enquanto Moçambique regista uma pontuação de 6,07, também uma melhoria face à edição de 2018 (de 0,11 pontos).

Moçambique obtém também uma melhor classificação do que Angola quanto a retorno – 3,72 face a 3,18 – embora a evolução seja menos favorável do que a angolana (0,24 face a 0,69).

Em termos de evolução de retorno, a melhoria no caso angolano é apenas superada pela do Zimbabué.

O caso angolano é um dos destacados no estudo, sendo a melhoria atribuída à “ambiciosa agenda de reformas prosseguida pelo Presidente João Lourenço” desde que chegou ao poder, há 2 anos, embora a situação do país seja avaliada com algumas reservas, recordando que os níveis de risco e de retorno são, respectivamente superiores e inferiores às médias do continente.

“Uma série de reformas orçamentais, monetárias e regulatórias têm sido acompanhadas de mais significativas mudanças estruturais que desafiaram interesses adquiridos e introduziram um certo grau de supervisão na governação económica”, refere o estudo.

Em causa têm estado sobretudo interesses ligados ao ex-presidente, José Eduardo dos Santos, seus familiares e aliados políticos.

“Dois anos de esforços de reforma tiveram impacto, mas também destacaram a intratável natureza de muitos dos desafios de Angola. A escassez de divisas persiste, a economia continua a depender excessivamente do petróleo e prevemos que 2019 será o quarto ano consecutivo de recessão”, adiantam os analistas.

Tal como na Etiópia, referem ainda, “os grandes planos e popularidade dos líderes reformistas perderam impulso, à medida que eles se depararam com estruturas partidárias complexas.”

É improvável que figuras partidárias poderosas deixem de exercer a sua influência, num contexto de mudança dos sistemas que garantiram esse mesmo domínio político e económico, segundo a Oxford Economics e a Control Risks, que adiantaram que os sectores da economia deverão ser abertos, de forma desigual, conforme interesses e considerações políticas.  (Macauhub)

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