Angola manterá défices orçamentais elevados em 2017/2021, afirma a Economist

5 June 2017

O défice orçamental de Angola deverá manter-se elevado nos anos mais próximos, prevendo-se que depois de 7,3% do Produto Interno Bruto previsto para este ano, inicie uma trajectória descendente para chegar a 2021 com 6,1% do PIB, de acordo com o mais recente relatório da Economist Intelligence Unit (EIU).

O mesmo documento adianta que a previsão de défices orçamentais elevados fica-se a dever ao facto de os preços do petróleo, que representa 97% das exportações angolanas, continuarem de uma forma persistente em baixa e acrescenta que a trajectória descendente do défice fiscal deverá ficar a dever-se ao alargamento da base tributária.

A EIU escreve ainda no documento a que a agência Macauhub teve acesso que caso a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) volte a falhar este ano a sua contribuição para os cofres públicos, à semelhança do ocorrido em 2016, o défice orçamental pode ser muito mais elevado.

O crescimento da economia, atendendo aos fracos resultados do processo de diversificação do tecido económico, ficará, de novo, a depender da evolução dos preços do petróleo, prevendo a EIU um crescimento médio do PIB de 2,5% no período 2017/2021, taxa que compara com 4,7% em 2011/2015.

A inflação deverá manter-se elevada, embora mais baixa do que relativamente ao pico registado em 2016, rondando 30% este ano para iniciar então uma tendência de descida até se situar à volta de 8,6% em 2021.

A taxa de desvalorização do kwanza deverá também registar uma tendência de abrandamento relativamente à registada em 2015/2016 mas a ausência continuada de dólares no sistema bancário fará com que o valor oficial do dólar continue a registar um desnível acentuado relativamente ao praticado no mercado paralelo.

O objectivo principal do Banco Nacional de Angola, em termos de política monetária, será o de conter o aumento dos preços, tendo entre Janeiro de 2015 e Junho de 2016 aumentado a taxa básica de juro em 700 pontos base, para 16%.

Embora esta taxa se tenha mantido inalterada desde essa data, a EIU antecipa novos aumentos da Taxa BNA na primeira metade do período em análise, atendendo ao impacto sobre a inflação da fraqueza da moeda nacional face às principais divisas.

A EIU voltou a referir, no entanto, que atendendo ao facto de o Presidente da República ter uma palavra final na condução das políticas monetária e fiscal é legítimo supor que o banco central será alvo de pressões políticas no sentido de adoptar uma política monetária mais tolerante caso a economia não volte a crescer às taxas esperadas quando os preços do petróleo começarem a subir moderadamente em 2017/2018. (Macauhub)

MACAUHUB FRENCH