Entidades de Moçambique e da China assinaram domingo, em Pequim, oito memorandos de entendimento, nas áreas das infra-estruturas, indústria, telecomunicações, agricultura e serviços financeiros, durante um fórum de negócios inaugurado pelo Presidente moçambicano Filipe Nyusi.
No sector das infraestruturas, foram assinados memorandos para a construção de uma estrada entre a província do Niassa, no extremo noroeste do país, e a Tanzânia, e a recuperação da Estrada Nacional número seis, que liga a cidade da Beira, em Sofala, à vila fronteiriça de Machipanda, na província de Manica.
Um outro memorando, entre a Administração Nacional de Estradas de Moçambique e a China Road and Bridge Corporation, inclui a construção de um troço entre Pambara, no distrito de Vilanculos e Mangungumete, no distrito de Inhassoro, na província de Inhambane, sul do país.
Outro documento prevê a construção de um sistema integrado de transportes entre o vale do Limpopo e o porto de Chongoene, no sul da província de Gaza.
Parques industriais em Boane e Marracuene, na província de Maputo, fazem parte do memorando assinado entre o Ministério moçambicano da Indústria e do Comércio e o grupo China Civil Engineering Construction.
Também o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar de Moçambique assinou um memorando com o grupo China Railway 20 Bureau Group Corporation e a Northwest University.
No sector da tecnologia de telecomunicações, a chinesa Huawei selou um memorando de entendimento com a Moçambique Celular, enquanto na área financeira o banco moçambicano Millennium bim assinou um memorando com a UnionPay, empresa chinesa líder em sistemas de pagamentos electrónicos.
O evento, realizado na véspera do início do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), contou ainda com a participação do ministro moçambicano dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, do director-geral da Agência para a Promoção de Investimento e Exportações (Apiex), Lourenço Sambo e do presidente da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), Omar Mithá.
Trinta e nove empresários moçambicanos, do sector público e privado, marcaram também presença.
O presidente do conselho directivo da Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Agostinho Vuma, admitiu que, apesar de “a internacionalização da China ser feita por empresas públicas”, o tecido empresarial moçambicano quer ter maior participação nas relações económicas entre os dois países.
“Estamos a identificar projectos que mereçam financiamento por parte do governo chinês; há instrumentos importantes de cooperação com a China além das empresas públicas e instrumentos financeiros que estão a dar um salto qualitativo ao investimento directo chinês em Moçambique”, disse.
Vuma assumiu ainda “a necessidade de ver empresas chinesas a envolverem-se em grandes projetos no sector dos hidrocarbonetos” e de “mostrar ao mercado chinês as reformas” que estão a ser aplicadas em Moçambique.
“Está em curso uma lei de trabalho que se espera venha a flexibilizar as relações laborais, como a quota para empregar estrangeiros e a participação de estrangeiros na transferência de conhecimentos”, disse.
A terceira edição do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) deverá juntar, em Pequim, segunda e terça-feira, dezenas de chefes de Estado e de Governo do continente africano.
A cimeira contará com três novos países, incluindo São Tomé e Príncipe, que se junta aos restantes países africanos de língua portuguesa, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique.
As restantes estreias são o Burkina Faso e a Gâmbia, que elevam assim para 53 o número de nações africanas com relações com a China.
Desde 2015, a média anual do investimento directo da China no continente fixou-se em 3000 milhões dólares, com destaque para novos sectores como indústria, finanças, turismo e aviação.
O primeiro Fórum de Cooperação China-África realizou-se em Pequim, em 2006, e a segunda edição decorreu na África do Sul, em 2015.