Crescimento da economia de Moçambique enfrenta novas incertezas

9 March 2020

O cenário de aceleração do crescimento da economia de Moçambique em 2020 enfrenta agora maior incerteza devido ao abrandamento económico global, fruto da epidemia relacionada com o aparecimento do Covid-19, segundo o moçambicano Moza Banco.

O boletim económico do banco, lançado em Fevereiro, informa que a actividade económica moçambicana deverá acelerar em 2020, mas “mantendo-se ainda abaixo do seu potencial.”

A aceleração, adianta, baseia-se na concretização de investimentos no sector de petróleo e gás, a par de outros ligados à reconstrução de infra-estruturas destruídas por desastres naturais, e ainda ao “efeitos da política monetária expansionista adoptada em 2019.”

“Antecipa-se um crescimento mais acelerado do crédito ao sector privado, de um aumento geral de investimento directo estrangeiro e subsequente incremento substancial sobre os níveis de inflação”, refere o boletim do Moza Banco.

“O facto do estado moçambicano estar a financiar-se cada vez mais no mercado interno, principalmente através da emissão de bilhetes de tesouro, obrigações de tesouro e em operações de “repo”(acordo de recompra), também poderá suscitar pressão no sentido de aumento do nível das taxas de juro praticadas no mercado”, adianta.

O Fundo Monetário Internacional prevê que o crescimento económico moçambicano acelere para 6,04% em 2020, face a 1,8% no ano passado, com o aumento do consumo privado, investimento e exportações.

O documento do Moza Banco adianta que as autoridades devem acautelar o efeito de contágio económico do Covid-19, até porque Moçambique “apresenta grandes vulnerabilidades no sector da saúde e também ao nível tecnológico e logístico para conter tal epidemia”, além de estar exposto “por via indirectas.”

“A África do Sul é o principal parceiro comercial da China em África. O comércio entre os dois países representa cerca de 20% do montante agregado da actividade de exportação e importação da África do Sul. A redução das receitas de exportação pela queda da procura chinesa poderá agravar o quadro económico do país, com eventuais impactos também em Moçambique”, adianta o Moza Banco.

O FMI, o Banco de Mundial e o Banco de Moçambique convergem actualmente nas suas expectativas de manutenção de inflação baixa e estável em 2020.

Contudo, o Moza Banco refere que as suas perspectivas de evolução da inflação “poderão ser revistas em alta por conta da persistência de hostilidades militares em alguns pontos do país, existência de riscos sobre a produção agrícola devido a ocorrência de fenómenos climáticos desfavoráveis, provável depreciação do metical e possível redução da oferta de produtos importados da China (devido ao efeito do coronavírus).”

A depreciação do metical está ligada ao efeito do aumento de importações de bens e serviços associados aos projectos de petróleo e gás e aos projectos de reconstrução pós-desastres naturais.

Segundo o Moza Banco, verificou-se uma depreciação acentuada do metical em relação ao dólar durante o mês de Janeiro (3,9%), “atribuída principalmente a uma correcção da evolução contrária dos câmbios evidenciada no mês transacto.”

As taxas de referência do mercado monetário, adianta o relatório, mantêm-se inalteradas pelo 4º mês consecutivo segundo o Banco de Moçambique, as perspectivas para o curto prazo apontam para uma aceleração da inflação anual no primeiro trimestre, sem comprometer os objectivos de estabilidade de preços.

“Por esse motivo, antecipamos que o Banco de Moçambique tenderá a conter o relaxamento da política monetária ao longo de 2020”, refere o Moza Banco. (Macauhub)

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