Presidente eleito angolano elege China como referência para reformas

4 September 2017

A poucas semanas de tomar posse como o novo presidente de Angola, João Lourenço reconhece que o país precisa de mais incentivos para captar investimento e elegeu como referência reformadora o líder histórico chinês Deng Xiaoping.

Na sua primeira entrevista desde as eleições de 23 de Agosto, em que o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) assegurou uma maioria qualificada, João Lourenço disse à agência espanhola EFE rejeitar a comparação com Mikhail Gorbachov, líder russo que pôs fim ao comunismo soviético, elegendo uma referência chinesa.

“Vamos trabalhar para isso, mas, desde já, Gorbachov não, Deng Xiaoping sim”, disse Lourenço, que sucede a José Eduardo dos Santos, que preside aos destinos do país há 38 anos.

Na entrevista, Lourenço elege como objectivos trazer mais investidores estrangeiros para Angola e melhorar o ambiente de negócios.

“Por exemplo, vamos mudar a nossa política de vistos, porque tem sido até agora um impedimento para a chegada do investimento e vamos também vamos lutar contra a corrupção, em todos os seus aspectos, contra o nepotismo, batalhas que uma vez ganhas vão facilitar a atracção de mais investimentos para o país”, disse Lourenço.

Diversificar a economia mantém-se como uma prioridade das autoridades angolanas.

“É imprescindível abrir a nossa economia e esquecermo-nos um pouco do petróleo. O nosso país, Angola, pode sobreviver, tem recursos além do petróleo. Vamos criar incentivos na agro-indústria, Angola tem uma grande extensão, muitas terras cultiváveis, muita água, um clima muito propício (porque não tem Inverno) e pode ser uma grande potência agrícola, como o Brasil”, afirmou.

Lourenço apontou ainda para a extracção de ouro e minério de ferro, a indústria transformadora, mas também a pesca e o turismo, como sectores a desenvolver.

“Angola tem um grande litoral, queremos não só desenvolver o turismo de costa, mas também o do interior. Queremos investidores para criar infra-estruturas e assim criar postos de trabalho. Se desenvolvermos aqueles quatro ramos da economia, poderemos resolver um dos problemas principais de Angola, o do desemprego, especialmente dos jovens”, disse o presidente eleito angolano.

As privatizações a serem levadas a cabo envolverão “aquelas empresas estatais que são pesos mortos para o país, que não são rentáveis, que estão a custar muito dinheiro aos cofres do Estado”, adiantou.

A investigadora de relações sino-angolanas Lucy Corkin estimou em 14,5 mil milhões de dólares os empréstimos concedidos pela China a Angola, em grande parte garantidos por petróleo. (Macauhub)

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