As relações políticas e económicas entre Portugal e a China encontram-se no melhor nível de sempre e podem expandir-se ainda mais com um papel activo de empresas portuguesas na Nova Rota Marítima da Seda, conforme pretendido pelas autoridades portuguesas.
Falando na 4.ª Gala Portugal-China, organizada pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, a 2 de Novembro em Lisboa, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que os dois países vivem actualmente a “3.ª etapa” da sua parceria, aberta pelos grandes investimentos chineses em Portugal nos últimos anos.
“Qualitativamente mais rica do que as (fases) anteriores”, a actual abre-se à cooperação na ciência e tecnologia, nomeadamente na investigação em novos materiais, tecnologias de informação e comunicação, além do Mar e da “Economia Azul”, disse o Presidente português.
Num evento dedicado este ano à Nova Rota Marítima da Seda, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Portugal se inclui nesta estratégia do governo chinês, chamando atenção para o potencial de Sines, enquanto ligação à vizinha Espanha e outros países da União Europeia, além de África e Ásia.
Sublinhando que as relações bilaterais estão “talvez no seu melhor momento desde o estabelecimento de relações diplomáticas”, Rebelo de Sousa manifestou o desejo de receber em Lisboa o Presidente chinês, Xi Jinping, o que poderá acontecer já em 2018.
No mesmo sentido, Cai Run, embaixador da China em Portugal, sublinhou a proximidade das relações a nível político, com contactos frequentes entre as autoridades dos dois países.
A nível empresarial, adiantou o diplomata, as trocas comerciais têm vindo a expandir-se de forma constante, tal como o investimento chinês em Portugal, estimado em 9000 milhões de euros.
Também os gestores presentes na conferência empresarial que antecedeu a gala traçaram um balanço altamente positivo do actual momento das relações entre os dois países.
Yang Ya, administrador financeiro da China Three Gorges, principal accionista da EDP – Energias de Portugal, defendeu a parceria estratégica e de “co-investimento” entre as duas empresas, com projectos conjuntos no Brasil e países da União Europeia, como exemplo de “solução de benefício mútuo.”
Depois de concluir três barragens no Brasil, com ajuda da EDP, dentro do prazo e do orçamento, a CTG é actualmente a 2.ª maior empresa no mercado brasileiro de geração de energia e procura “oportunidades em países de África, como Moçambique.”
“A EDP vai ser apoiada pela CTG e crescer fortemente nos mercados internacionais”, disse Yang Ya.
Coincidindo com a visita à China da ministra portuguesa do Mar, Ana Paula Vitorino, para promover o porto de Sines, a conferência em Lisboa contou com a participação de responsáveis de diversas entidades públicas portuguesas, que também defenderam o papel que aquela infra-estrutura pode desempenhar no contexto da estratégia Uma Faixa, Uma Rota.
Lince Faria, da administração do porto de Sines sublinhou em particular os projectos do novo terminal “Vasco da Gama” e de uma zona logística para “implantação de indústria de alto valor acrescentado”, que fazem do porto uma “área de expansão única na Europa”, bem posicionada para a estratégia chinesa, também pelas ligações à Europa, América e África.
Wu Zhiwei, presidente da Tin Min Jade, afirmou que Macau é “actualmente uma cidade internacional na Ásia Oriental”, é “um ponto importante da Rota Marítima da Seda”, com importantes ligações à cultura portuguesa e “elevado reconhecimento” do governo chinês “pelo papel importante que desempenha enquanto plataforma de cooperação comercial e económica entre a China e os países lusófonos.”
“Assim, com o desenvolvimento da iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, acreditamos que muitas empresas chinesas, não só estatais, mas também privadas, quererão ir a Portugal procurar por oportunidades e parceiros de investimento”, afirmou o empresário. ((Macauhub)