A análise e divulgação das oportunidades proporcionadas pela iniciativa oficial chinesa da Nova Rota da Seda para os países de língua portuguesa é o objectivo de um grupo de estudo constituído em Lisboa, cuja actividade terá início em 2017.
A Associação Amigos da Nova Rota da Seda, criada formalmente em Dezembro, junta personalidades do meio académico, económico, empresarial e até cultural, tendo entre os promotores Fernanda Ilhéu, investigadora do centro de estudos chineses China Logus (Instituto Superior de Economia e Gestão).
“É uma iniciativa da sociedade civil, de pessoas de várias áreas, com um núcleo inicial da área económica, que simpatizam com a iniciativa da China, acham que pode ser boa para a China, para os países desenvolvidos e em desenvolvimento, para a economia mundial e para o relacionamento dos vários povos”, disse à Macauhub Fernanda Ilhéu.
“É preciso conhecer o documento (Uma Faixa, Uma Rota), a iniciativa, para perceber que é arrojada, avançada, de longo prazo. A China quer construir isso com outros países e entidades que acharem que é um bom projecto”, adiantou.
A iniciativa de estímulo económico e comercial, divulgada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, contempla um plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático, em que o porto português de Sines pode vir a ser um pólo relevante.
Inclui a construção de uma malha ferroviária de alta velocidade entre a China e a Europa, abrangendo 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas, tirando partido do já constituído Fundo Rota da Seda, de 40 mil milhões de dólares.
Entre os fundadores da nova Associação estão figuras destacadas do meio empresarial chinês em Portugal, como Choi Man Hin, presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chineses em Portugal, além de Hao Zhang, do grupo Energias de Portugal (EDP), empresários portugueses com ligações à China e Macau, como Alberto Carvalho Neto, o economista Jitendra Tulcidás e ainda Hélder Oliveira, da Fundação Portugal-África.
Os estatutos definem como objectivo “cooperar de forma pró-activa na construção do projecto Uma Faixa Uma Rota, através do conhecimento, informação e divulgação de contributos válidos, seja na apresentação de projectos ou no desenvolvimento de relacionamentos para conseguir objectivos desta iniciativa da China em que Portugal está incluído.”
Fernanda Ilhéu disse que a Associação irá operar de forma “interactiva”, assumindo-se como um grupo de estudo para reflectir sobre as possibilidades de cooperação Portugal-China em varias áreas” ligadas à iniciativa Uma Faixa, Uma Rota.
Em Dezembro de 2015 foi criada em Macau a Associação da Rota Marítima da Seda (Macau), que tem por objectivo fazer estudos sobre o potencial que a Rota Marítima da Seda tem para o relacionamento entre a China e os países de língua portuguesa, utilizando a plataforma de Macau.
A associação propõe-se ainda apresentar aos países de língua portuguesa a capacidade da China na execução de grandes obras de infra-estruturas, realizar e apresentar estudos sobre os grandes grupos chineses envolvidos nos projectos de construção de infra-estruturas no estrangeiro e as oportunidades de negócios nos sectores industriais ou comerciais e promover cooperação com instituições congéneres.
A associação é presidida por Thomas Chan, consultor dos governos da China e de Hong Kong sobre o Delta do Rio das Pérolas e tem como vice-presidentes José Luís Sales Marques e Gonçalo César de Sá.
Em Maio passado a associação organizou, em conjunto com a Universidade Cidade de Macau e o Instituto de Estudos Europeus de Macau, um seminário sobre as implicações da iniciativa uma Faixa uma Rota para os países de língua portuguesa. (Macauhub)